Você me ouviu?
- Giovana Cogo

- 19 de nov. de 2018
- 1 min de leitura
Eu corria pela chuva,
Por baixo da imensa torrente
Procurando um abrigo adequado.
Tentei ver através da água turva
Gritei muito, soei quase incoerente
Todos passavam por mim correndo
Sem me olhar, desviavam pros lados
Buscando o próprio abrigo quente
Permaneci sozinha, ali, sofrendo
Sentindo em mim, os pingos encorpados
Esses gelavam até meus ossos
Me fazendo tremer de frio, de medo
Até tu olhares pra mim, por sobre as cabeças,
E me deixar fazer dos braços vossos
Meu abrigo, construído em rochedo
Eu não tinha um lugar pra voltar
Me negaram qualquer afeto
Bati de porta em porta, nada encontrei.
Mas, você me ouviu gritar.
Notei que trazia o guarda-chuva correto
Era seu, único, mesmo assim o dividiu
Caminhou com os olhos em mim, até mim, curioso
Você também se molhava naquela chuva
Foi linda a forma como nosso coração colidiu
E com aquele guarda-chuvinha me protegeu, glorioso
O máximo que podia se doou
Eu me arrepiei, por causa do frio,
Não por causa do seu olhar, acho.
Ao me perguntar meu nome, entoou,
Como uma música, nada sombrio
Então por que temer confiar em ti?
Se estar com você me fazia mais segura
O guarda-chuva não conteve a água
Como conter o meu sentir? Só fui.
Não houve motivo para augura
A sensação era acolhedora e calorosa,
Sem correr qualquer perigo
Ainda que inconsistente e novo
Me sentia mais amorosa,
Finalmente no meu abrigo
Foi como ser uma pequena borboleta
Que volta para sua casa depois de estarrecida.
Embora eu não goste muito destes insetos.
Não gostaria que ninguém se desse por obsoleta
Naquela chuva como como me senti esquecida.




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