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O que vamos dizer ao mundo?

  • Foto do escritor: Giovana Cogo
    Giovana Cogo
  • 13 de jul. de 2019
  • 5 min de leitura

É difícil voltar a escrever depois tanto tempo sem colocar as palavras pra fora. Isso sempre acontece, esses meus momentos de baixa e procastinação, quando eu vou deixando que as palavras se acumulem por muito tempo. E nessas horas eu não sei sobre o que quero dizer, quando finalmente chega esse período de descarregar de novo, a hora em que não suporto as palavras dentro de mim e simplesmente, como agora, deixo que elas se derramem na minha escrita, qualquer medo ou receio, conceber esse texto, deixar tudo aqui, é maravilhoso.

Ainda assim, depois da minha breve tortura de negar a minha própria alma sua necessidade básica (a escrita), vou deixando pra depois, fazendo com que ela, minha alma, se sinta faminta pelas palavras. Cada dia que se passa estou ocupada, me sentindo ocupada. Tenho que estudar pra prova. Tenho que terminar aquela série. Tenho que fazer algum exercício. Tenho que conversar com meus amigos. Tenho que terminar meu livro. Tenho que atualizar o blog. Tenho que escrever. Tenho que escrever, AGORA! Tenho que fazer tantas coisas... Tenho que parar, parar de pensar um pouco e me entregar mais. Parar de ser cheia de "tenhos", do verbo ter que significa ser meu, e, sim, "fazer", que significa realizar.

Mas apenas fazer coisas vazias (esse procastinar incansável), que não preenchem a alma, me leva à um momento em que nada supre. Essa é minha maior frustração. Eu me pego fazendo coisas pra adiar minha maior alegria, que é escrever, porque tudo que coloco pra fora parece ruim, se tudo que sai não tá bom como vou deixar esse personagem do livro mais profundo? Eu não quero ser reconhecida por um livro ruim ou um blog chato, não quero fracassar.

Devo "fazer" meus sonhos se "realizarem", só assim concretizarei o verbo.

Existe algo em algum lugar do mundo que te faz sonhar, que te faz ter incertezas e muito medo, medo de fracassar como eu tenho fracassado. A cada dia em que me afasto do que mais amo, vou matando minha alma, e torço pra que isso não aconteça com você.

Então eu tenho me esforçado, eu estudei pro vestibular, estudei pras provas, eu me dediquei todos os dias até chegar um dia e sentir que não fiz nada. E nesse momento nós nos sentimos esgotados, nós não fizemos nada que nos desestresse naquela semana, não terminamos aquela série ou vimos um filme abraçados com nossa paixão, não saímos com os amigos e nem tivemos tempo pro nosso hobbie que tanto amamos.

E aquela necessidade que cresce em mim, cresce também em você. Como já disse tantas vezes sobre como eu acho que escrever me liberta, procure algo que te liberte também. Quando encontrar essa vontade e necessidade de realizar aquilo que escolheu vai sentir na coluna, o precisar daquilo aumentando, vai notar ao se sentar na cadeira e suas pernas ficarem balançando de ansiedade, assim como eu sinto as minhas hoje. Vai lavar a louça e só pensar em quando vai poder voltar a fazer o que gosta, comigo acontece das frases se juntarem num texto ótimo para aquele pedaço do livro.

Epifania. Preciso me comunicar. E desde sempre notei que a comunicação acontece através de palavras. Depois disso, quando atingi uma certa idade, descobri que vai muito além das palavras. Mesmo assim, quando nascemos estamos fadados a emitir sons até formar palavras, com seus significados que formaram frases e frases que escrevem nossa história.

Qual a historia que eu quero escrever aos outros? Sendo como minha vida ou como ficção.

Eu vi à uns dois meses o filme "Nasce Uma Estrela" e em um diálogo do filme o Jack diz pro irmão mais velho que ele fez sucesso porque tinha algo pra falar para as pessoas, já o irmão só fazia letras de música vazias... me pergunto desde então: o que eu tenho pra falar para as pessoas? O que eu quero falar pro mundo? Por que as pessoas gostariam de ler o que eu escrevo? Eu devo representar alguém ou algo? Eu devo falar de sentimentos? Da cultura pop? Do que eu to falando aqui?

Tenho uma amiga que escreve tão bem, a Camila, ela faz parecer fácil, mas tem duas horas que estou quebrando a cabeça aqui.

O vestibular é domingo, é a minha chance de entrar pro curso que quero, um curso até que concorrido, não paro de pensar que vou fracassar, como fiz com esse texto. Quantas pessoas não estão passando pelo que eu estou passando?

Sobre o que eu quero escrever?

Será que você está me entendendo? Eu tô pirando.

A Camila é mais nova, e ela também tá pirando, e eu, ao ponto de surtar a consolei. Eu disse:

"Caraca calma. As coisas não vão acabar, as amizades verdadeiras vão ficar, os bons momentos vão se tornar boas memórias e tudo isso que você tá passando ou vai passar nos próximos dois anos serão histórias. Todos nos tornaremos alguém melhor, realizaremos nossos sonhos e voltaremos pra casa dos nossos pais no domingo.... Para se unir com as pessoas que amamos. O tempo só apaga aquilo que não tem importância, o que foi fundado na pedra permanece até hoje. Ainda faltam dois anos e passa muito rápido, cada dia mais rápido, mas ainda não está na hora de sentir melancolia, ainda existe esse tempo pra fazer o que não foi feito... Quando a hora da despedida chegar é a hora de se despedir..."

Quero dizer adeus a esta cidade, voltar só nos domingos. Quero me despedir e ir viver a minha vida lá mesmo sabendo que não vai ser fácil.

Do que eu estou falando?

Eu sou tão nova pra me despedir. Sou tão infantil e falo tanta merda. Tenho tantas ideias, tantos ideais, tantos pensamentos, tantos contras... Tudo me diz pra ficar aqui na minha casa e apenas continuar como está, mas preciso me despedir, está na hora de alçar voo. Está na hora de correr atrás do que eu quero, ainda não posso me despedir, ainda preciso encarar esse vestibular e mais uns que virão. Eu não estou pronta, nunca vou estar, sou imatura, é mais fácil me esconder do resto da minha vida para o resto da minha vida do que encarar a realidade.

É mais fácil apenas ficar em casa nesse domingo. Não quero passar por todos os problemas da faculdade e de ter um emprego, mas aí não estarei sendo protagonista da minha vida, e se tem uma coisa que aprendi com o tempo que escrevo é que um protagonista ruim sempre será aquele que não toma decisões, aquele que não se arrisca, aquele que não move sua história. E meus queridos, não é esse o livro que vou deixar para vocês da minha vida.

O que você quer fazer com a sua vida, a sua história? Qual o seu sonho? Por que você lê meus textos? Por que você perde o tempo de sua vida lendo meus textos? Ou você sente que está ganhando algo?

Espero que não seja tempo perdido pra você, espero fazer você refletir sobre o que você quer, espero te fazer sorrir ou até mesmo chorar, ah essa é minha maior recompensa, desculpa falar isso, mas quero te ver chorar.... Porque é assim que sei que toquei seu coração, acho que isso deve ser errado mas mesmo assim, é por isso que escrevo.

A vida real é uma droga mas me embebedo nas palavras que tiro da alma. Esse texto parece obra de uma bêbada.

 
 
 

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