Você tem sido jovem?

Ser jovem é não ter certeza. É pisar no escuro, se lançar do desconhecido, é cair sem quem te levantar, é tomar tapas e socos, chutes e rasteiras até aprender a ficar de pé, aprender a esquivar, a correr e a lutar. Lutar por um futuro, seja lá qual for, seja lá qual sua esperança, qual for seu sonho.

Confesso que não tenho sido jovem. Não, eu me escondi em baixo da cama, longe do perigo de cair e me machucar. Ainda sou uma criança com medo, muito curiosa para parar de sonhar, mas ainda com medo, medo de sair no sol e me queimar, na luz do luar e tomar um vento muito gelado. Isso me mantém estagnada, cheia de sonhos e parada vendo os dias passarem escorrendo pelas minhas mãos como água.

Vale a pena sair de baixo da cama? Vale caminhar sem certeza que chegarei no meu destino? Vale todas as lágrimas, o suor para realizar meu sonho?

Porque todos os dias que passam eu vejo meu sonho mais longe, mais alto, e, eu tenho medo de altura acompanhado de um pulmão fraco pra percorrer longas distâncias. E todos esses dias, cada vez que eu ouço que é impossível sou empurrada, mais e mais, para de baixo daquela cama.

Eu não nasci para corresponder expectativas e não sei se isso me torna jovem ou criança, sei que cada vez que minha voz se faz presente dizem ser delírios de uma louca.

Posso ser uma criança cheia de medos, sem certeza, pisando do escuro, tropeçando e caindo dentro do minha própria bolha de proteção..... Espera.... isso é quase que ser jovem, e aquela cama é minha auto-sabotagem, eu mesma dizendo que é melhor ficar lá em baixo na minha zona de proteção, onde eu piso tendo certeza de não afundar, onde me impeço de lutar como a jovem que sou.

Tecnicamente, então, sou jovem, bem no começo da juventude, com um caminho em branco que traçarei com minha própria letra, a minha marca, meus riscos que formaram palavras, minhas palavras que formaram textos, meus textos que formaram minha história, a história do meu caminho.

Meu caminho de escritora.

­-Uma pessoa que quase se desviou do caminho.