Sentimentos
- Giovana Cogo

- 5 de ago. de 2018
- 3 min de leitura
"Pouco a pouco, o fogo se acumula em mim por causa de tudo
o que fiz e estou queimando.” -Violet Evergarden."
Assisti novamente o anime da Violet. Dessa vez eu queria poder cair na história como se cai num rio bem fundo. Fui como uma pedra, direto pro fundo daquela história que apenas quer falar sobre os sentimentos. Em vários momentos isso é dito.
Entre todos os significados, tudo. Sempre tem as cartas, que como é observado no anime, transmitem sentimentos.
E essa é a busca da Violet, durante todos os episódios, todas as histórias. Ela quer entender os sentimentos que alguém especial tinha por ela e por isso escreve cartas para terceiros, pra comunicar justamente esses sentimentos que unem as pessoas.
No começo ela não entende direito, ela não capta e não transcreve. É complicado.
Não vou entrar em mais detalhes para evitar spoilers, pois esse é um anime lindo que merece ser assistido.
Mas gosto especificamente de um momento, que fala o quão importante são as palavras, e especialmente me identifiquei. Porque eu acho que as palavras, as cartas, os sentimentos, a comunicação... maravilhosos.
E eu não estou conseguindo mais. Essa é a verdade. Eu me sinto muito bloqueada, nada flui... as palavras, que pra mim tem tanto valor, não conseguem comunicar meus sentimentos.
Isso é uma falha minha como escritora. E é sobre isso que quero falar. Sobre o que estou sentindo.
É como ficar de pé, parada. E só.
Tudo se move, as pessoas, o tempo, as coisas, e eu vejo isso. E no meio desses movimentos, parece que vou ficando para trás.
Parece que todos os problemas são maiores do que eu. Me sinto pequena e cada vez mais vulnerável. As palavras alheias vão acertando a superfície, cavando um buraco direto pra alma, que deixou a casca vazia. O vazio me deixou com mais frio que antes, a nenhuma mão se estende pra me pegar dessa queda.
Ah, eu ainda não tinha mencionado a sensação claustrofóbica que cair me causa. É como uma pedra muito pesada, em cima de mim que não me deixa respirar e só me faz cair ainda mais rápido. Eu grito. Eu senti a necessidade de gritar pra parar. Mas não parou. E eu estou caindo direto pra um lugar onde meus sonhos não vão se realizar. As ideias vem, e vão embora com mais facilidade.
Não é estranho como isso aconteceu? Percebeu? Eu me sinto parada, e ao mesmo tempo eu grito pra parar. Completamente complicado.
E a felicidade, talvez se eu me concentrar mais do que posso num momento bom, eu consigo sorrir verdadeiramente melhor.
Estou aos poucos buscando alguma coisa que eu seja capaz de realizar no futuro. Abandonando essa vontade imensa de escrever... mas nada me faz mais feliz que isso.
Esse é o motivo desse texto. Parece que suprimir essa crise de escrita e existencial não faz bem pra mim. Me faz bem escrever. Me faz bem sonhar.
E chorar parece mais digno quando o motivo é algo que realmente importa. Porque a vida adulta está chegando e me acostumei com as broncas da minha mãe, me acostumei com as notas da escola e com essa cidade pequena.
Me acomodei nessa vida e temo não ter a garra que preciso pra correr atrás do meu sonho.
É mais fácil desistir.
É mais difícil aceitar que vou perder.
Talvez... porque sou competitiva, ou porque eu me dou valor suficiente pra não perder.
Esse é meu sentimento. O desespero me consumiu. Mas, escrever. Escrever me liberta.
Escrever sobre isso me libertou um pouco. Ao menos.



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