Eu não sei
- Giovana Cogo

- 6 de out. de 2018
- 3 min de leitura
"Pessoas que estão mais machucadas vivem bem. Pessoas mais fracas que eu vivem bem. Eu acho que não. De todas as pessoas vivas, não existe nenhum mais machucado do que estou e nenhum mais fraco do que eu." -JongHyun
Esse é um trecho de uma carta que uma pessoa maravilhosa, famosa, de carreira estável, ídolo de uma nação, escreveu antes de se suicidar.
Essas palavras me atingiram muito fundo na época e me fizeram chorar e refletir por dias. Acho que posso dizer que até hoje essa carta me faz refletir e chorar, porque é exatamente assim que me sinto quando estou sofrendo.
Eu não vejo um motivo para ter uma dor tão grande dentro da cavidade do meu coração, só sei que lá, naquele espaço pequeno, literalmente, cabe uma solidão gigantesca, que me machuca diariamente, como se eu me chocasse a centenas de quilômetros por hora com uma parede.
A dez meses, que foi quando ele morreu, lembro de ter falado dele em algum post do blog, não me lembro exatamente se foi dessa parte da carta que falei, se foi, isso só é mais uma prova de que vivo remoendo essas palavras em minhas contantes angústias. Afinal o que uma pessoa como eu pode ter de tormenta, o que pode deixar um adolescente triste e se forçando sorrir? Como alguém tão jovem pode ter tantas preocupações? Eu não sei, mas ninguém se sente mais fraco do que eu nesses momentos.
Momentos em que a verdade se faz som chegando aos meus ouvidos, julgando-me e me taxando de nada. No momento em que sinto que sou um nada sei que estou viva, sei que meu coração, com suas cavidades doloridas, está batendo e pulsando o sangue que ferve nas artérias de raiva. No momento que me sinto um nada eu choro, pois sou um nada, pois ser assim me deixa com raiva.
Eu não quero ser um nada. Quero que me chamem pelo nome certo, que me deem valor, que me deixem expressar meus sentimentos, se não me torno uma panela de pressão... me sinto como uma panela de pressão, pressão da sociedade, dos pais, dos amigos. Vejo que me vêem. Sinto eles ao meu redor, cutucando minha vida, dissecando minha alma, procurando minhas falhas e as evidenciando. E sou fraca.
No começo do texto eu disse que a frase era de uma pessoa que tinha tudo mas não conseguia sentir a felicidade. Ele tinha tudo, eu reforço, mas não era feliz como uma pessoa merece ser. Então como alguém que está começando a vida como eu, alguém jovem e sem experiência, vai ser feliz? Basta se sentir amado?
Estou repleta de entes queridos, repleta de boas amizades e boas experiências, mesmo assim me sinto sozinha, às vezes. Têm dias que me sinto bem e outros que faço apenas o que devo fazer, colocar um sorriso no rosto e não preocupar quem tem muito mais preocupações que eu. Embora não seja porquê você tem mais preocupações que eu que as minhas não me tornem falha, que elas não me façam querer fugir, ou que me assustem.
Eu realmente não sei o que deixa todo mundo se sentindo um lixo. Talvez seja a frustração de se sentir que não vai chegar a lugar nenhum. Eu me sinto assim quando não escrevo. Sem sentido. Um nada.
As vezes é bom parar de exigir tanto e escutar os problemas da outra pessoa, mas com o coração aberto, e não falar que semana que vem tem que pagar a conta de luz e não tem dinheiro, e esse sim é um problema.
Só piora as coisas fingir que os problemas dela, a outra pessoa, são só banalidades. Ou você vai todo dia chegar pra essa pessoa contar suas boas novidades e perguntar se ela está bem por educação, ela vai responder que sim, também por educação. Mesmo que a uma hora atrás ela tenha chorado de desespero, tristeza e raiva, lavado o rosto e se olhado no espelho, com a cara toda inchada, e dito pra si que só não sabe como chegou aquele ponto, vai ficar tudo bem se não saberem o quão fraco essa pessoa é.
Realmente só sei que sou fraca e tudo bem se você souber disso.
"Eu só... não sei..."





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